Friday, September 15, 2006

Camaradas e “camaradas”

Sexualmente falando, assim portantos, sexualmente, nada podia estar mais longe de Woodstock ou, já agora de um campo de férias do Bloco de Esquerda (oh tia, foi estupendo, távamos imensos, mesmo à saída de Baleizão) do que a China revolucionária.

A sexualidade, apesar de um desvio burguês, era tolerada porque criava novas unidades económicas pequeninas. A homossexualidade era mais tabu que no Vaticano e era expressamente proibida. Até 2001, estava na lista das doenças mentais, e levava a internamento em instituições.

É claro que na revolução sempre houve uma homossexualidade de armário, como entre o nazismo e o nativismo alemão e a homossexualidade. Um grupo de homens nús na floresta a construir o novo homem ariano não deix de ser um grupo de homens nús na floresta. A China, em minha opinião, não é excepção. É só ver o poster do Exército popular de Libertação e a as pinturas gay de Tom of Finland. A semelhança é óbvia.

Semanticamente, a coisa também sempre esteve muito ao lado, e, na revolução , havia muito gay de armário - ou havia, na cena gay, muito revolucionário de armário. Tanto que, apesar da grande muralha do silêncio que parece fechar a homossexualidade, os gays e lésbicas chineses apropriaram-se do vocabulário comunista e totalitário, com um ironia engraçada. Chama-se uns aos outrs “camaradas”. Pavel, acorda e vem cá ver isto….


“Espero que o governo e a sociedade nos compreenda. Nós, os “camaradas”, somos tão bons, fiéis [a quem, uns aos outros, ao regime?] e cumpridores da lei como qualquer outra pessoa. Por favor, não nos descriminem ou não nos tratem simplesmente como seropositivos.

Assim escreve um visitante do site “Fórum de Camaradas”, um site gay apoiado pelo governo, que tenta por em contacto gays e profissionais de saúde na luta conta a sida.

A posição de muitos gay chineses é, no fundo, a de muitos outros chinses, Querem que lhes seja reconhecida dignidade, após anos de colonialismo e de miséria maoista. Querem que lhes seja dado um lugar à mesa, sem paternalismos ou generalizações culturais criadas por outros.


Que lhes seja reconhecido um estauto de igualdade, tão bons (ou tào maus, segundo o ponto de vista) como os países desenvolvidos.

Querem ser identificados, sobretudo, pela identidade que eles próprios criam, e não por identidades prontas-a-vestir para consumo externo. Perceber isto já ajudava a evitar muito erro. Lembrem-se do Japão antes da Guerra do Pacífico...

1 Comments:

At 2:47 PM, Blogger Gonçalo Pereira said...

Correndo o risco de ser maçador, faz o favor de pegar nos pés e caminhar até aqui:
ecosferaportuguesa.blogspot.com
Dizem que o tempo de gestação de uma cria de elefante é de 660 dias. O meu livro esteve lá perto!...

 

Post a Comment

<< Home