Thursday, September 07, 2006

Não há tempo a perder



Xangai, o coração financeiro e comercial da China foi a metrópole onde nasceu o comunismo, e onde este foi primeiro a enterrar.

O capitalismo e a economia de mercado estão de volta com vingança e gosto, e isso nota-se com uma volta pelas principais ruas do centro de Xangai, onde entre marcas de roupa como a Zara e joalharias internacionais como a Cartier e a Tiffany´s, o negócio e o comércio estão bem e recomenda-se.

O mesmo não se pode dizer dos ideais comunistas que, a partir de Xangai, debaixo da liderança de Mao Zedong, se espalharam por todo o país até à fundação em 1949 da “Nova China”, a República Popular, governada desde então pelo Partido Comunista Chinês (PCC).

Por ironia, é no exacto local onde nasceu o partido que é mais visível o triunfo do capitalismo. Em Julho de 1921 nascia o PCC, no primeiro congresso nacional do partido, no número 374 de Huangping Nanlu. Um endereço que hoje não podia ser mais selecto, no bairro de Xitiandi, um dos mais elegantes da cidade, onde se concentram os bares restaurantes e lojas de design mais na moda na cidade chinesa.

O nascimento do comunismo em 1920 e a volta do capitalismo nos anos 2000 são parte do mesmo todo, que Isabel Wong, da Universidade de Illinois, chama “o cosmopolitismo de Xangai que ajudou a construir a modernidade chinesa.”

A vizinhança da casa museu do primeiro congresso do PCC faria revoltar os primeiros comunistas chineses. Ao lado, as joalharias Chopard e Baker, que, diz a empregada, “só atende com clientes marcação prévia”. Nas traseiras, a esplanada de uma multinacional americana de café, onde os residentes de Xangai bebem expressos a ouvir música em IPods e a falar a telemóveis de último modelo. O museu está vazio, o café está cheio.

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