Friday, September 08, 2006

Não há tempo a perder- parte 3


Mais que a revolução ou a luta de classes, o que parece preocupar hoje em dia os jovens de Xangai é algo que não pode ser mais capitalista - a compra de casa.

“Comprar casa é o mais importante. Quem se quer casar tem de ter casa, porque qualquer namorada liga a isso. E quem tiver carro, melhor ainda,” diz Chen Wei Da, 37 anos, porteiro num prédio de escritórios,

“Sem dinheiro, é difícil viver em Xangai, o ordenado de pessoas como eu é entre dois e três mil reminbi por mês, cerca de 33 mil reminbi por ano,” diz adiantando que “as pessoas ricas, em Xangai, são mais felizes. Em Xangai há muitos ricos, mas também há muitos pobres.”

Mas a diferença de classes não faz Wei Da suspirar pela volta do comunismo. “Quem consegue ganhar dinheiro é rico e quem não consegue é pobre. É assim que deve ser,” afirma com confiança.

Em frente da casa histórica do PCC fica também a sala de vendas do “Lakeville Regency,” um dos mais caros condomínios do centro da cidade, onde o metro quadrado custa entre 03,9 mil e 08,1 mil euros (40 mil e 83 mil reminbi).

Tang Tze Ann, uma das agentes imobiliárias, nascida em Pequim, diz que emigrou para Xangai após a faculdade porque “a cidade é cheia de oportunidades, é um sítio fantástico para viver e trabalhar”.

Tze Ann, 26 anos, admite que “vale a pena pensar nos ideais comunistas de igualdade “ mas vai dizendo que “as pessoas têm diferentes experiências e aptidões e devem ganhar dinheiro de forma que reflicta essas diferenças.”

E, de qualquer forma, Tze Ann define igualdade de uma forma que os primeiros comunistas chineses talvez não partilhassem. “Eu também quero ser igual,” diz. “Eu também quero ter uma das casas que vendo.”

Em 1932, uma música chinesa de jazz glorificava Xangai como uma cidade com “casas com tapetes e confortos modernos, camas com molas, roupas da moda e grandes diamantes, alegria nos bares.” Foi preciso mudar muito para que quase tudo ficasse igual.

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